- Área: 164 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Studium / Joana Silva
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Fabricantes: Bona, CIN, Hager, JNF, Knauf, SOFLIGHT
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um pequeno setor dos antigos pavilhões do estaleiro do Porto de Leixões alberga, desde 1944, a secretaria do Clube de Vela Atlântico. Com uma localização privilegiada, duas frentes na primeira linha do mar, o espaço é o melhor localizado para a função que serve - acolher os navegadores e dar apoio a eventos no mar.
No entanto, com o evoluir do clube - que ano após ano acolhe um número crescente de eventos, com cada vez mais velejadores de renome e desportistas de todo o mundo - a compartimentação original ficou obsoleta, bem como a linguagem estética e a adequação dos materiais às exigências atuais.
A área disponível encontrava-se pouco otimizada, não havendo espaço para acolher os atletas, sem condições de trabalho para a imprensa ou até a disposição de painéis informativos, tão importantes em campeonatos mundiais. A nível programático, novas exigências se impunham - gabinete médico, arrumo, bastidor, salas de reuniões, áreas de imprensa, tudo a acrescer ao espaço de trabalho de secretariado e reuniões internas.
Em 2017 o espaço foi reformulado, mantendo a estrutura original e adequando-o às novas necessidades. Todo o miolo foi removido, deixando a materialidade original à vista e tirando partido das texturas rudes, nesta construção junto ao mar - pedra, madeira e telha - às quais se adicionou um pavimento em betonilha. Toda a envolvente do edifício foi reabilitada, melhorando o desempenho dos caixilhos e cobertura, a pedra foi limpa, renovando entablamentos e conservando rebocos - todos os atos milimetricamente ajustados, em prol da manutenção de uma imagem de conjunto coerente e enraizada na memória coletiva do património classificado.
O conceito da intervenção, com o objetivo de tirar maior partido do espaço, foi a utilização do espaço vazio funcional, onde o pé direito é aproveitado para setorizar as funções. Fechando um conjunto de espaços que exigem maior privacidade - gabinete médico, bastidor, secretaria, arrumo - e afetando o espaço à cota alta a funções que requerem alguma reserva a reuniões e biblioteca, confere-se à área junto à entrada um pé direito e uma amplitude à altura da receção pública. A estrutura proposta para a “box” interior - em painel “tricapa” da Banema - deixa a madeira à vista na sua cor natural - em contraste com o invólucro existente, a “box” exterior - em estrutura de pedra com cobertura em de madeira e revestimento em telha - e é o elemento que organiza todas as funções numa distribuição otimizada. O pavimento original - em madeira sobre uma expressiva caixa de ar - foi substituído por uma betonilha afagada e é o único elemento estrutural integralmente substituído, optando-se por um material que conjuga a sua rudeza com o conceito geral do espaço. O cuidado com os detalhes teve aqui bastante expressão. Desde a alheta de encontro dos painéis com o pavimento, que define uma leve linha de sombra e absorve as irregularidades dos materiais rudes; o “rodapé” destes painéis,que garante a proteção desta parte da parede apenas com a expressividade de um verniz que respeita a madeira; os puxadores inspirados na náutica; a clara assunção de que as infra estruturas são um elemento independente, necessárias mas externas à rudeza destes componentes primários, bem visíveis na resiliência dos rodapés, colunas técnicas e armaduras elétricas. Todas as partes se conjugam com base na autenticidade das intenções e na honestidade dos materiais, novos, antigos, necessários, reais.
Após a intervenção, o Clube de Vela Atlântico tem agora à sua disposição instalações completamente renovadas e funcionais, que primam pelo respeito pela pré existência, adequam a espacialidade à realidade atual e a perspetiva tendencial de crescimento, além de conferir uma linguagem confiante, condizente com a projeção internacional do Clube.